O câncer de mama é, provavelmente, o tipo de câncer que mais amedronta as mulheres, tanto por sua alta prevalência, como por seus efeitos psicológicos e físicos, visto que a doença pode impactar diretamente na noção de autoimagem da mulher, na sua percepção, vivência e satisfação com sua própria sensualidade, líbido e sexualidade, influenciando também nos seus relacionamentos com seus parceiros ou parceiras.
Isso ocorre devido ao tratamento intenso para a doença que pode causar efeitos fisiológicos desagradáveis que reduzem o apetite sexual, além da necessidade, muitas vezes, da realização da cirurgia de mastectomia para o tratamento dos tumores nos seios, que muitas vezes, é visto como uma mutilação pela paciente.
Mastectomia
A mastectomia consiste em um procedimento cirúrgico para retirada da massa tumoral, as intervenções cirúrgicas podem variar de acordo com extensão dos tumores na mama e a gravidade do câncer, conheça alguns tipos de mastectomia que podem ser realizados:
- Total ou simples: neste procedimento, são removidas as glândulas mamárias inteiramente, além da pele, da aréola e do mamilo. Contudo, os linfonodos axilares e o tecido muscular sob a mama são poupados.
- Preservadora de pele: retira-se todo o tecido mamário, tal qual na total. Porém, a maior parte da pele da mama é mantida.
- Radical: este procedimento é o mais invasivo e também mais raro. Geralmente, é indicado quando há tumores nos músculos peitorais ou quando existe forte risco do tumor se espalhar. Essa intervenção remove toda a mama, em conjunto com os músculos subglandulares e os gânglios axilares.
- Preventiva: o procedimento com caráter preventivo é realizado para prevenir o desenvolvimento dos tumores no local. A recomendação para a forma preventiva é apenas para mulheres com risco conhecido e muito elevado. Isso ocorre quando elas possuem histórico familiar da doença, ou alterações genéticas que podem provocar o câncer, conhecidas como BRCA1 e BRCA2, mostradas em testes genéticos.
Após a cirurgia, algumas mulheres mastectomizadas podem se sentir sexualmente desmotivadas, a ponto de chegarem a evitar manter contatos sexuais, visto que, os seios e os mamilos são historicamente relacionados a feminilidade e a sexualidade.
Além disso, são zonas erógenas e fonte de prazer sexual para muitas mulheres e seus parceiros ou parceiras, por isso, muitas mulheres optam por realizar a reconstrução mamária.
Reconstrução mamária
A reconstituição mamária é um procedimento médico e cirúrgico que utiliza técnicas da cirurgia plástica em mulheres que passaram pelo câncer e precisaram realizar a mastectomia.
A reconstrução mamária é uma cirurgia que visa devolver o aspecto anatômico do seio e ajuda a melhorar a autoestima dessas mulheres, ajudando-as a reconhecer o próprio corpo e explorar sua sensualidade e sexualidade.
O tipo de reconstrução deve ser discutido com o médico e varia de acordo com os objetivos da mulher, o tipo de mastectomia realizada e os tratamentos para câncer que foram realizados.
- Implante: consiste em colocar um implante de silicone debaixo da pele, simulando a forma natural da mama;
- Retalhos (abdominal ou grande dorsal): é retirada pele e gordura da região abdominal ou mesmo das costas para usar na região das mamas e reconstruir os seios. Em alguns casos, também podem ser usados implantes associados para um melhor resultado.
- Uso de expansores: consiste em inserir uma espécie de prótese vazia sob a pele para promover, gradualmente, a expansão do tecido, por meio da aplicação de soro fisiológico, até atingir o tamanho desejado. Após este primeiro processo, uma segunda intervenção é realizada para remover o expansor e colocar o implante definitivo. Também já existe a opção de expansores definitivos, que permitem a reconstrução em uma única etapa.
Vantagens da cirurgia
- Cirurgia mais rápida e fácil;
- Recuperação mais rápida e menos dolorosa;
- Melhores resultados estéticos;
- Menores chances de cicatrizes.
Desvantagens da cirurgia
- Maior risco de problemas como deslocamento do implante;
- Necessidade de fazer nova cirurgia para trocar o implante após 10 ou 20 anos;
- Seios com aparência menos natural.
Importância do apoio do parceiro ou parceira
Diversos estudos descrevem a importância da família durante o tratamento oncológico e na reabilitação da mulher com câncer de mama, que passou por uma mastectomia.
Esses estudos, indicam que mulheres que possuem o apoio afetivo dos seus parceiros ou parceiras durante o tratamento, tendem a ter uma maior qualidade de vida e conseguem explorar sua sexualidade, mesmo diante da cirurgia.
Muito embora, cada relação tenha um contexto próprio, é importante que o casal invista no diálogo e no autoconhecimento, para entender como explorar todas as zonas erógenas do corpo e todas as formas possíveis de estimular o apetite sexual da relação.
Além disso, é fundamental que a mulher busque o apoio psicológico para tentar lidar com seus próprios sentimentos e subjetividades, individualidade diante da mastectomia, buscando reconhecer e amar o seu próprio corpo e sua nova vida após o tratamento do câncer de mama, sabendo que é possível explorar sua sexualidade e sua sensualidade mesmo diante de uma mastectomia.