O câncer de mama é uma doença desafiadora, que afeta muitas mulheres e suas famílias. Quando diagnosticado, inicia-se um caminho que envolve diferentes etapas de tratamento e suporte emocional, médico e psicológico. 

No entanto, muitas pacientes e familiares enfrentam uma pergunta difícil ao longo da jornada: quando é o momento certo para considerar parar o tratamento do câncer de mama?

Para entender quando pode ser a hora de parar ou de revisar o tratamento, é importante abordar o tema sob vários aspectos: a resposta ao tratamento, os efeitos colaterais, a qualidade de vida, o estágio do câncer e as preferências pessoais. Vamos explorar cada um desses fatores para ajudar a esclarecer melhor essa decisão.

Avaliando a resposta ao tratamento

Em pacientes que estão recebendo um tratamento antes da cirurgia, também chamado de neoadjuvante, a primeira consideração para avaliar a continuidade do tratamento do câncer de mama é a resposta que o corpo da paciente está tendo. Após iniciar o tratamento, fazemos um acompanhamento rigoroso para verificar a eficácia das intervenções.

Isso pode incluir exames de imagem, como mamografias, ultrassonografias e ressonâncias magnéticas, além de exames laboratoriais que ajudam a verificar se o câncer está respondendo ao tratamento ou se houve progressão.

Se o câncer está regredindo, há uma maior motivação para continuar com o tratamento.

Em pacientes com doença avançada, também chamada de metastática, o tratamento também depende da resposta e também da toxicidade. Em pessoas em que o tratamento não está funcionando de maneira adequada pensamos em se trocar o tratamento inicial.

Efeitos colaterais e complicações

O tratamento do câncer de mama muitas vezes inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapias hormonais. Cada uma dessas opções tem um potencial de efeitos colaterais que podem impactar a vida do paciente. Entre os mais comuns estão náuseas, fadiga extrema, perda de apetite, neuropatia periférica e complicações ósseas, como fraturas em casos de metástase óssea.

Se os efeitos colaterais do tratamento estão causando um impacto negativo significativo na qualidade de vida, pode ser necessário reconsiderar a abordagem. 

Em casos onde o tratamento não está mais proporcionando uma melhora concreta, a paciente e sua equipe médica podem considerar reduzir ou interromper as terapias agressivas.

Estágio do câncer e prognóstico

O estágio do câncer de mama e o prognóstico também são fatores importantes para determinar se é hora de parar o tratamento. Em estágios iniciais, quando há boas chances de cura, o tratamento costuma ser recomendado para maximizar as chances de cura. 

Em casos de câncer avançado ou metastático, o tratamento pode ter um enfoque mais paliativo, visando controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Quando o câncer de mama está em um estágio avançado e já se espalhou para outros órgãos (como os ossos, pulmões ou fígado), a meta do tratamento muitas vezes se torna manter a estabilidade e aliviar os sintomas. 

Nesses casos, a paciente e sua equipe podem conversar sobre tratamentos que priorizem a qualidade de vida, como terapias de suporte e cuidados paliativos, ao invés de tentar curar a doença.

Qualidade de vida

A qualidade de vida é um aspecto central na decisão de continuar ou parar o tratamento do câncer de mama. Afinal, os tratamentos oncológicos podem ser intensos e afetar a rotina da paciente, interferindo em atividades diárias, na interação com familiares e na capacidade de desfrutar de momentos que trazem prazer e significado.

Em muitos casos, as pacientes preferem priorizar uma vida mais confortável e menos afetada por efeitos colaterais. A avaliação da qualidade de vida é subjetiva e deve incluir a voz ativa da paciente, além do apoio e aconselhamento de sua equipe de saúde, incluindo oncologistas, psicólogos e, quando necessário, o ortopedista, caso haja necessidade de suporte específico para complicações ósseas.

Preferências e valores pessoais

Além das considerações clínicas, as preferências e valores pessoais da paciente são fundamentais para a decisão de continuar ou parar o tratamento. Algumas mulheres escolhem continuar o tratamento enquanto houver qualquer possibilidade de resposta positiva, enquanto outras optam por interromper em prol de uma vida com menos intervenções médicas e mais tranquilidade.

Essas decisões são profundamente pessoais e devem ser respeitadas e compreendidas por familiares e equipe médica. A paciente deve sentir-se à vontade para expressar seus desejos e preocupações, e seu médico deve estar disponível para fornecer todas as informações necessárias para que ela possa tomar uma decisão consciente.

Conversando com a equipe médica e com a família

Tomar a decisão de parar o tratamento é um processo que exige uma comunicação aberta e honesta com a equipe médica e com a família. As pacientes devem se sentir livres para expressar seus sentimentos, expectativas e receios com seus oncologistas e outros profissionais envolvidos em seu cuidado.

A equipe médica tem o papel de oferecer informações objetivas e orientações sobre as possibilidades e consequências da interrupção do tratamento, ajudando a paciente e a família a encontrar a melhor abordagem para cada situação.

Decidir parar o tratamento do câncer de mama é um processo complexo e emocionalmente desafiador, que envolve fatores médicos, emocionais e pessoais. 

Lembre-se de que não existe uma única resposta certa para todos os casos, e o mais importante é que a paciente tenha acesso às informações e ao suporte emocional para tomar a melhor decisão possível.

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