Todas as células do nosso organismo apresentam dentro do código genético a informação de qual será o propósito desta célula, assim informações sobre quantas vezes essa célula vai se replicar e por fim quando vai morrer. O câncer de mama é uma doença que consiste no crescimento descontrolado das células da mama, que adquirem características anormais, perdendo a informação de quando vão parar de se multiplicar e normalmente são causadas por uma ou mais mutações no material genético.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), nos últimos anos, o Brasil registrou mais de 66 mil novos casos de câncer de mama. A detecção da doença pode ser feita através da mamografia em mulheres a partir de 40 anos, um exame obrigatório nessa faixa etária, no entanto, mulheres mais jovens também podem desenvolver a doença.
Conforme a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a ocorrência de casos de câncer de mama entre mulheres mais jovens (até 35 anos) aumentou nos últimos anos. Historicamente, mulheres nessa faixa etária representavam apenas 2% dos casos, mas o número subiu para 5%.
Fatores de Risco
Há vários fatores que podem colocar em risco a saúde da mama da mulher jovem:
- Casos de câncer de mama na família, principalmente, mãe e irmã.
- Exposição a radiação na região do peito antes dos 40 anos.
- Índice Gail igual ou superior a 1,7%; (O índice Gail é utilizado para avaliar os riscos de câncer de mama segundo o histórico familiar de câncer de mama, idade da primeira menstruação, da primeira gestação, entre outros fatores que identificam as chances de desenvolver câncer nos próximos 5 anos).
- Outros fatores: uso excessivo de álcool, alto consumo de carne vermelha, mamas densas e obesidade.
Qual a diferença entre câncer de mama em mulheres jovens e mais velhas?
A maioria dos casos dos tumores de mama em mulheres muito jovens tendem a ser mais agressivos, surgem rapidamente (normalmente é um nódulo de crescimento mais rápido) e há mais pacientes jovens com indicação de quimioterapia para complementar o tratamento se comparadas com as mais velhas.
Qual a idade mais propensa à doença?
A maioria das mulheres com diagnóstico de câncer de mama tem mais de 50 anos. Apenas cerca de 10% dos casos ocorre em idade menor que 40 anos. No entanto, é preciso alertar que existe a doença entre jovens, o desconhecimento dessa informação pode atrapalhar no diagnóstico, e o atraso no diagnóstico impacta negativamente nas chances de cura.
Câncer de mama aos 18 anos pode acontecer?
É extremamente raro o câncer de mama em jovens nesta faixa etária. Normalmente o câncer de mama precoce, ou seja, em mulheres muito jovens, ocorre pela existência de alguma mutação hereditária que predispõe o surgimento destes tumores, por isso, sempre que uma paciente muito jovem é diagnosticada com câncer de mama, o ideal é realizar o teste genético para diagnosticar se é um tumor de origem hereditária.
As mulheres jovens, diagnosticadas com a doença, têm maior probabilidade de ser portadoras de um gene mutado (alterado) os genes BRCA1 e BRCA2 são os mais frequentemente encontrados nesta população, mas outros genes também podem ser identificados.
Diagnóstico do câncer de mama em mulheres mais jovens
O diagnóstico de câncer de mama em mulheres jovens é mais difícil, geralmente o tecido mamário é mais denso comparado com o de mulheres com mais idade, dificultando a identificação de nódulos e quando são diagnosticados, a doença já está em estágio avançado. Esses atrasos no diagnóstico de câncer de mama são um problema. Não há nesta população indicação de exames de rastreamento como mamografia e ultrassonografia. Apenas em pacientes com alto risco alguns exames, incluindo ressonância magnética das mamas pode ser indicado.
Muitas mulheres jovens com câncer de mama ignoraram os sinais de alerta, como a presença de um nódulo na mama, porque acreditam ser jovens demais para ter a doença, o que faz com que ela se desenvolva mais rápido e de forma mais agressiva, muitas vezes não respondendo ao tratamento de forma eficaz.
Por isso, é essencial que mulheres de todas as idades valorizem a importância de conhecer seu próprio corpo e, ao menor sinal de mudança, busquem orientação médica.
Sintomas
O sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, normalmente sem dor, duro e irregular, mas há tumores, bem definidos, com consistência branda e globosa. Além disso, podem surgir outros indícios, como:
- Edema cutâneo com aspecto semelhante à casca de laranja;
- Retração cutânea do mamilo (afundamento);
- Dor;
- Inversão do mamilo;
- Hiperemia;
- Descamação ou ulceração do mamilo;
- Secreção papilar, associada ao câncer, que pode ser uma secreção transparente, na maior parte dos casos, mas também rosada ou avermelhada.
Caso a mulher jovem sinta algo diferente em suas mamas, o ideal é procurar um médico para que o nódulo seja avaliado e realizar biópsia para diagnóstico quando indicado.
Tratamento
O tratamento do câncer de mama é multidisciplinar, envolvendo mastologista para a cirurgia, radio-oncologista para radioterapia, oncologista para quimioterapia e terapia hormonal. Em alguns casos, a quimioterapia pode ser omitida, por exemplo. Também é necessário avaliação do oncogeneticista nos casos em que há suspeita de ser um tumor devido à herança familiar, muito comum em mulheres mais jovens.
Existe prevenção para o câncer de mama em mulheres jovens?
Ainda não existe nenhuma medida preventiva comprovada para evitar o câncer de mama, no entanto, a detecção precoce e o tratamento imediato, podem melhorar significativamente as chances de sobrevivência da mulher diagnosticada com a doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 95% das mulheres cujo câncer de mama se encontra numa fase inicial pode ser curada.
Além disso, investir em um estilo de vida saudável, com a prática de exercícios físicos, o controle do peso corporal e evitar o consumo de álcool e cigarro contribui para afastar as chances de desenvolvimento da doença.