A obesidade é uma doença que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo. Ela é classificada como uma patologia crônico-degenerativa e inflamatória, que pode ocorrer em decorrência de má alimentação, fatores metabólicos, hormonais, genéticos e psicológicos, além do sedentarismo.

A obesidade se tornou um problema de saúde pública ao redor de todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, até 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos podem estar com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos.

No Brasil, 50% da população já está acima do peso e as mulheres são as mais afetadas por essa doença, que é fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, inclusive o câncer de mama, seja num estado inicial ou em uma recidiva da doença.

Como já explicamos em posts anteriores, o câncer de mama é a segunda maior causa de morte em mulheres ao redor do mundo, só perdendo para o câncer de pulmão, e pode ser caracterizado pelo crescimento descontrolado das células da mama, que adquirem características anormais, causadas por uma ou mais mutações no material genético que podem ser originadas por fatores genéticos hereditários ou por influência de fatores externos como o consumo excessivo de álcool, tabagismo, influência de agentes químicos, alimentação e doenças como a obesidade.

O que a ciência diz?

Segundo pesquisadores do Instituto Kaiser Permanente Colorado for Health Research, pacientes que foram curadas do câncer de mama, mas que estão acima do peso, têm risco aumentado de ter uma recidiva.   

Para comprovar essa tese, os pesquisadores realizaram um estudo com dados de 6,5 mil mulheres que se trataram no Instituto Kaiser no Colorado e no estado de Washington, nos Estados Unidos, sendo enquadradas em peso normal, sobrepeso e obesidade. 

A pesquisa constatou a relação entre a recidiva do câncer e o índice de massa corporal elevado dessas mulheres, demonstrando que quase 13% das mulheres desenvolveram um segundo câncer após mais de sete anos. Dessa porcentagem de pacientes, 62% delas relataram um câncer relacionado à obesidade, e 40% um segundo câncer de mama. 

Segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer, o excesso de gordura corporal provoca um estado de inflamação crônica e aumentos nos níveis de determinados hormônios, que promovem o crescimento de células cancerígenas, aumentando as chances de desenvolvimento da doença.

Além da inflamação crônica, outros processos biológicos explicam a relação entre obesidade e o câncer, como o aumento da secreção de substâncias pró-inflamatórias, o aumento de vasos sanguíneos, utilizados pelos tumores para receberem oxigênio e nutrientes, a mudança na microbiota intestinal e maior secreção de insulina, que são fatores inflamatórios que podem favorecer a proliferação de células cancerígenas e a elevação dos níveis de hormônios sexuais como o estrogênio, que está associado a maior número de casos de neoplasia.

Além disso, a obesidade influencia diretamente no tratamento e prognóstico das pacientes, visto que o processo de quimioterapia tem doses calculadas com base no peso e altura da paciente. Assim, em pacientes com obesidade, as doses mais altas podem gerar uma toxicidade maior, sendo necessário reajustes, que demandam atraso nos ciclos de tratamento.

Estudos também demonstram que um alto índice de massa corporal (IMC) no momento do diagnóstico pode reduzir a eficácia da quimioterapia à base de taxano, piorando os resultados de sobrevida. O taxano é uma droga lipofílica – com afinidade por moléculas de gordura – a gordura presente no corpo da paciente pode absorver parte da droga antes que ela atinja o tumor.

Assim, pacientes com sobrepeso e obesidade tratadas com um regime de quimioterapia baseado no taxano, tiveram um prognóstico da doença significativamente pior em comparação com pacientes magras tratadas com o mesmo regime.

Investir em hábitos saudáveis é a melhor forma de tratar a obesidade

O tratamento do sobrepeso e da obesidade está relacionado com as mudanças no estilo e de vida, por isso é fundamental:

  • Realizar acompanhamento médico com o oncologista, endocrinologista e profissional nutricionista;
  • Investir em uma alimentação balanceada e mais saudável, favorecendo alimentos mais naturais, ricos em nutrientes, proteínas, carboidratos bons, através do consumo de peixes, vegetais roxos, vegetais folhosos, sementes, gorduras boas, frutas vermelhas, frutas cítricas e etc.
  • Diminuir o consumo de carne vermelha, alimentos ricos em gorduras saturadas, alimentos ultra-processados, alimentos industrializados;
  • Parar de fumar, visto o tabaco contém cerca de 60 substâncias cancerígenas, entre elas, a nicotina, responsável pela expansão de todos os tipos de câncer, aumentando o risco em 30%;
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, já que o álcool pode provocar o aparecimento do câncer por diferentes mecanismos, relacionados com estresse oxidativo que pode danificar os genes e facilitar a penetração de carcinogênicos ambientais nas células;
  • Praticar exercícios físicos regularmente com intensidade moderada por pelo menos 150-300 minutos semanais, incluindo treinamentos de resistência e alongamento dois dias por semana. 

Portanto, investir em um estilo de vida saudável é essencial para evitar o risco de uma recidiva do câncer de mama e mulheres que já passaram pela doença e estão em fase de remissão, devem estar atentas ao controle do peso corporal, evitando o desenvolvimento da doença. 

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