O câncer de mama é um tipo de câncer que se desenvolve no tecido mamário. É o câncer mais comum em mulheres em todo o mundo e também pode afetar os homens.
O diagnóstico da doença pode ser feito em fase inicial e normalmente é detectado por exames de imagem (fase subclínica) ou ainda na fase clínica em que o tumor já é palpavel. Embora o diagnóstico precoce seja essencial para o prognóstico da doença, pode ser um diagnóstico devastador e o tratamento geralmente envolve quimioterapia, radioterapia e também a remoção cirúrgica de uma ou ambas as mamas, procedimento conhecido como mastectomia.
O tratamento radical (mastectomia) quando necessário tem um papel importante no controle da doença, mas ao mesmo tempo traz repercussões emocionais para a pessoa afetada, causando um impacto significativo na autoestima e na imagem corporal da mulher. Diante disso, a cirurgia de reconstrução mamária pode ajudar as mulheres a recuperar sua confiança e melhorar sua qualidade de vida.
Em 06 de maio de 1999 houve aprovação de lei específica sobre reconstrução mamária em pacientes mutiladas por mastectomia (LEI No 9.797, DE 6 DE MAIO DE 1999).
Seguem as orientações:
Art. 1o As mulheres que sofrerem mutilação total ou parcial de mama, decorrente de utilização de técnica de tratamento de câncer, têm direito a cirurgia plástica reconstrutiva.
Art. 2o Cabe ao Sistema Único de Saúde – SUS, por meio de sua rede de unidades públicas ou conveniadas, prestar serviço de cirurgia plástica reconstrutiva de mama prevista no art. 1o, utilizando-se de todos os meios e técnicas necessárias. (Vide Lei nº 13.770, de 2018)
§ 1o Quando existirem condições técnicas, a reconstrução será efetuada no mesmo tempo cirúrgico. (Incluído pela Lei nº 12.802. de 2013)
§ 2o No caso de impossibilidade de reconstrução imediata, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantida a realização da cirurgia imediatamente após alcançar as condições clínicas requeridas. (Incluído pela Lei nº 12.802. de 2013)
§ 3º Os procedimentos de simetrização da mama contralateral e de reconstrução do complexo aréolo-mamilar integram a cirurgia plástica reconstrutiva prevista no art. 1º desta Lei e no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.770, de 2018)
Portanto as pacientes que tiverem desejo de reconstrução e que não tenham contra indicações para o procedimento devem preferencialmente ser reconstruídas no mesmo ato da mastectomia (reconstrução imediata). Alguns pacientes podem ser submetidos a reconstrução em segundo tempo, após o término dos tratamentos oncológicos, também chamada de reconstrução tardia.
A cirurgia de reconstrução mamária pode ser feita de várias maneiras. Os tipos mais comuns de reconstrução mamária são a reconstrução baseada em implantes e a reconstrução autóloga de tecidos.
Reconstrução baseada em implantes
A reconstrução mamária baseada em implante é um procedimento em que um implante mamário de silicone ou solução salina é colocado sob o músculo peitoral para recriar a forma da mama.
Este procedimento pode ser realizado imediatamente após a mastectomia ou pode ser adiado para um momento posterior.
A reconstrução com implantes é uma escolha popular porque é menos invasiva do que a reconstrução de tecido autólogo, que discutiremos mais adiante. Ele também tem um tempo de recuperação mais curto e um menor risco de complicações.
No entanto, é importante observar que os implantes podem exigir cirurgias futuras para manter sua aparência e função.
Existem dois tipos de reconstrução de mama baseada em implante: direta ao implante e reconstrução com auxílio de expansores.
Reconstrução direta ao implante
Reconstrução direta ao implante é quando o cirurgião coloca o implante mamário enquanto a mastectomia. Este procedimento é mais adequado para mulheres com seios pequenos a moderados e boa qualidade da pele.
A vantagem da reconstrução direta ao implante é que requer apenas uma cirurgia, que pode ser menos traumática do que várias cirurgias.
Reconstrução com uso de expansores
A reconstrução com auxílio de expansores é um processo que envolve a criação de uma mama temporária, usando um expansor de tecido, que é um dispositivo inflável semelhante a um balão.
Nesse tipo de procedimento, o cirurgião coloca o expansor de tecido sob o músculo peitoral e lentamente o preenche com uma solução salina durante várias semanas ou meses. Uma vez que o tamanho desejado da mama é alcançado, o expansor de tecido é substituído por um implante mamário permanente.
Esse procedimento é frequentemente recomendado para mulheres com seios maiores ou para aquelas que fizeram radioterapia. Isso ocorre porque a radioterapia pode danificar a pele, tornando-a menos elástica e menos capaz de acomodar um implante. O expansor de tecido ajuda a esticar a pele e criar um espaço para o implante.
Reconstrução a partir de tecido autólogo
A reconstrução de tecido autólogo é um procedimento em que o cirurgião usa tecido de outra parte do corpo, como abdômen, costas ou nádegas, para criar um novo monte de mama.
Este procedimento é mais complexo do que a reconstrução baseada em implantes e requer um tempo de recuperação mais longo, mas tem a vantagem de criar uma mama mais natural e com maior probabilidade de durar a vida toda. Existem vários tipos de reconstrução autóloga de tecidos, incluindo:
Reconstrução a partir de retalho com tecido abdominal (TRAM – Retalho Transverso do Músculo Abdominal).
A reconstrução com retalho a partir de tecido abdominal é um procedimento em que o cirurgião retira tecido do abdome inferior, incluindo o músculo reto abdominal, para criar um novo monte mamário.
O tecido é separado da parede abdominal e então moldado para formar uma nova mama. Este procedimento pode criar uma mama com aparência mais natural, mas requer um tempo de recuperação mais longo e pode levar a fraqueza abdominal ou hérnia.
Reconstrução a partir de retalho com tecido dorsal (Reconstrução com o Músculo Grande Dorsal).
A reconstrução com retalho do grande dorsal é um procedimento em que o cirurgião retira o músculo e a pele das costas, geralmente o músculo grande dorsal, e o transfere para o tórax para criar um novo monte mamário.
Vantagens da cirurgia de reconstrução mamária com implantes
- Cirurgia rápida e fácil;
- Recuperação rápida e menos dolorosa;
- Melhores resultados estéticos;
- Menores chances de cicatrizes;
Desvantagens da cirurgia de reconstrução mamária com implantes
- Maior risco de problemas como deslocamento do implante;
- Necessidade de fazer nova cirurgia para trocar o implante após 10 ou 20 anos;
- Seios com aparência menos natural.
A reconstrução mamária é uma alternativa cirúrgica que pode ajudar muitas mulheres durante o processo de recuperação de um câncer de mama, no entanto, é uma cirurgia que deve ser realizada a partir da escolha individual da paciente, que decide passar por essa etapa ou não, sempre analisando as suas próprias necessidades emocionais e físicas.